Competências do Futuro – O que o amanhã espera de nós e do mercado de trabalho

Por Regina Weber *

Futuro é tudo o que se segue ao presente. É um tempo que há de vir, que ainda não chegou. Mas piscamos e o futuro já está na nossa frente. Como disse Albert Einstein, “eu nunca penso no futuro, ele não tarda a chegar”. E ele chega tão sorrateiro e as novidades que traz se incorporam de tal forma ao nosso dia a dia que é como se sempre tivesse existido. Quem se imagina sem seu celular, por exemplo?

A velocidade com que as novas tecnologias são incorporadas pelas empresas tem provocado mudanças tanto nos processos fabris quanto nos modelos de gestão. Como consequência, novas competências são requeridas às empresas que transferem essas necessidades aos seus profissionais. Novos processos e produtos ou serviços são integrados e, assim, novos cargos e funções são demandados. Novos conhecimentos e habilidades, por sua vez, passam a ser necessários. É o velho novo mundo VUCA (sigla em inglês para Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguity) em ação: volátil, incerto, complexo e ambíguo.

Prever o futuro ainda não é totalmente possível, mas alguns cenários podem ser calculados, especulados, teorizados ou, de alguma forma, antecipados de acordo com os dados que temos do presente.

Com base em um histórico sobre essa mudança toda nas demandas profissionais, e olhando para esse movimento que está acontecendo, o Fórum Econômico Mundial, realizado em outubro do último ano, lançou o novo The Future Of Jobs. Esse relatório mapeou os empregos e as habilidades do futuro que acompanham o ritmo da mudança global. Dessa vez, o documento trouxe insights relacionados às demandas de trabalho provocadas, principalmente, pela atual pandemia.

Quais são os novos modelos de trabalho? O que é esperado de nós? Para onde as empresas estão se direcionando?  Para onde vai nosso desenvolvimento? Máquinas substituirão pessoas? Sua profissão será necessária? Quais as profissões do futuro? Que competências serão exigidas?

Um novo jeito de pensar a carreira

Muitas funções, principalmente as mais básicas, mas algumas complexas também, passaram a ser executadas por robôs, por máquinas. E muitas outras serão. Alguns postos de trabalho vão desaparecer, outros ganharão mais importância e novos estão por vir. Estão em mudança também a forma de se pensar a carreira, o modelo de trabalho, as divisões por área e as relações hierárquicas dentro das empresas.

O Fórum estima que, até 2025, 85 milhões de empregos sofrerão mudanças em função da divisão do trabalho entre humanos e máquinas. Um número ainda maior, 97 milhões, serão criados já adaptados a essa mescla de trabalho entre humanos, máquinas e algoritmos. De acordo com o Relatório, na medida em que as empresas adotam mais tecnologia, pelo menos metade de todos os profissionais precisará de requalificação em pouco tempo.

Diante dessa realidade, do futuro que já é bem presente, temos a oportunidade de nos reinventar, alavancando novos conhecimentos e habilidades que nos deixem aptos a desempenhar essas funções: mais complexas, estratégicas, sistêmicas e mais humanitárias. Isso porque questões de sustentabilidade e diversidade estarão cada vez mais presentes nas tomadas de decisão.

Deixemos então que máquinas e robôs assumam algumas funções, para que possamos nos envolver, cada vez mais, com aquilo que elas ainda não são capazes de fazer. A Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo, descreveu pelo menos 10 capacidades nas quais os robôs ainda não nos alcançam:

  • Olhar nos olhos
  • Considerar o sentimento dos outros
  • Fazer alguém se sentir visto ou ouvido
  • Sentir empatia
  • Solidarizar-se
  • Fazer uma pessoa sentir-se cuidada
  • Fazer graça
  • Fazer uma pessoa sentir confiança
  • Pensar de maneira crítica
  • Falar em tom adequado ao ambiente e à situação.

As 10 habilidades do futuro

O Pensamento Crítico que, elencado como uma das capacidades que as máquinas não são capazes de desenvolver, está no topo da lista de habilidades necessárias para os próximos cinco anos do Relatório do Fórum Econômico Mundial. Resolução de problemas, habilidades em autogestão como aprendizado ativo, resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade surgem também como grande demanda. Essas capacidades  não fazem parte das habilidades robóticas.

Conheça então essas 10 habilidades e comece a se preparar para esse futuro que já chegou e que ainda tem muito espaço para habilidades essencialmente humanas:

  1. Pensamento Analítico e Inovação (Analytical Thinking and Innovation) – É a capacidade de encontrar abordagens alternativas e inovadoras para resolver problemas diários e análises diante de um processo de tomada de decisão.
  2. Aprendizagem ativa e estratégias de aprendizagem (Active Learning and Learning Strategies) – É uma habilidade de “autogerenciamento”. É a capacidade de absorver novas informações relevantes e aplicar os aprendizados ao trabalho e aos desafios futuros.
  3. Resolução de Problemas Complexos (Complex Problem Solving) – É a capacidade de analisar dados e informações importantes no que se refere aos principais desafios do trabalho e implementar soluções viáveis.
  4. Pensamento Crítico e Análise (Critical Thinking and Analysis) – É a capacidade de analisar uma situação com objetividade, considerando todos os fatos para chegar a uma conclusão sensata. É conseguir deixar emoções de lado em favor de um processo lógico e racional.
  5. Criatividade, Originalidade e Iniciativa (Creativity, Originality, and Initiative) – É a capacidade de fornecer perspectivas alternativas, novas ideias e se adaptar com rapidez e confiança aos desafios e mudanças.
  6. Liderança e Influência Social (Leadership and Social Influence) – É a capacidade de motivar, inspirar e se comunicar de forma eficaz com a equipe nas circunstâncias mais desafiadoras ou incomuns. É orientar pessoas e expressar opiniões, tomando decisões difíceis mesmo sob pressão.
  7. Uso, Monitoramento e Controle de Tecnologia (Technology Use, Monitoring, and Control) – É a capacidade de identificar as tecnologias e equipamentos mais adequados para realizar o trabalho. Operar sistemas, máquinas e equipamentos com eficácia, monitorando tecnologia e indicadores.
  8. Design de Tecnologia e Programação (Technology Design and Programming) – É a capacidade de codificar, reprogramar e adaptar a tecnologia existente para atender às necessidades do negócio.
  9. Resiliência, Tolerância ao Stress e Flexibilidade (Resilience, Stress Tolerance, and Flexibility) – É a capacidade de atuar com agilidade e adaptabilidade diante das pressões e do trabalho em constante mudança. É administrar com calma e perseverança mesmo as situações altamente estressantes.
  10. Raciocínio, Resolução de Problemas e Ideação (Reasoning, Problem-Solving, and Ideation) – É a capacidade de aplicar e avaliar informações durante um processo de resolução de problemas, enfrentando desafios e fazendo uso,inclusive, de avaliações matemáticas para trazer soluções fundamentadas.

Preparo organizacional para acolher novos modelos

Será que as empresas estão preparadas para identificar, treinar e gerenciar as novas competências? Há espaço para que o novo paradigma flua? Esse é um movimento que demanda uma caminhada conjunta e o preparo organizacional virá a partir da revisão dos seus modelos de competências. Será necessário olhar para dentro e avaliar a capacidade da organização e das pessoas para aplicação das competências do futuro.

Essas novas competências demandam novos modelos de aprendizagem que direcionem as pessoas para experiências mais desafiadoras, que crie ambientes onde as relações sistêmicas e a complexidade sejam reconhecidas e trabalhadas por pessoas de diferentes áreas e que dê maior protagonismo para as inovações internas.

Você e sua empresa estão preparados para as competências do futuro? Que tal iniciar hoje essa nova jornada?


* Regina Weber é psicóloga e consultora da Light Source

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