A luta das mulheres para a construção de uma realidade melhor

Para falar sobre o Dia da Mulher, precisamos revisitar nosso passado. Embora a data de 8 de março tenha sido oficializada em 1975 pela Organização das Nações Unidas (ONU), foram várias manifestações comandadas por mulheres que motivaram a criação de um dia especial.

O evento mais conhecido no mundo como o precursor do dia da mulher foi o incêndio de 1911 em Nova Iorque, responsável por matar mais de 100 operárias da Triangle Shirtwaist Company. Porém, aproximadamente dez anos antes desse triste episódio, cerca de 15 mil trabalhadoras tinham ido às ruas para protestar por melhores condições de trabalho.

Em 1910, durante a Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, a professora e jornalista alemã Clara Zetkin sugeriu a criação de uma data para que as mulheres pudessem se encontrar anualmente para falar sobre seus avanços na sociedade e articular movimentos em representação a seus interesses.

Curiosamente para os dias de hoje, em que acompanhamos os tristes acontecimentos dos ataques da Rússia à Ucrânia, foram as mulheres russas que na Primeira Guerra foram às ruas para fazer um apelo coletivo. Por meio da campanha que ficou conhecida como “paz e pão”, elas pediam que o governo fornecesse comida a seus filhos e que seus maridos pudessem abandonar as trincheiras e voltar para casa. Este recorte da história, em específico, revela não apenas o quanto as guerras sempre trouxeram como consequência cenários de destruição, mas também o papel fundamental das mulheres na resistência e proteção de seus lares.

Da história para os dias de hoje, nem tudo mudou

Embora a ONU defenda que a igualdade de gênero para as mulheres não seja apenas uma questão de justiça, mas também de progresso, infelizmente os avanços sociais precisam ocorrer de forma mais amplificada. A verdade é que as mulheres ainda estão longe de ocupar a mesma posição confortável dos homens no que se refere a oportunidades de trabalho e remuneração.

Para se ter ideia sobre a realidade brasileira, segundo a pesquisa “Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, divulgada em 2021 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de mulheres que ocupam cargos de liderança caiu em nosso país. Em 2019, cerca de 37,4% dos cargos gerenciais eram ocupados pelo público feminino, que recebia em média 22,3% menos que os homens nos mesmos postos. Na edição anterior do levantamento (2016) as mulheres eram responsáveis por 39,1% das vagas de liderança.

Este tipo de disparidade não é algo que se restringe apenas ao Brasil. No mundo inteiro as mulheres ainda sentem na pele a diferença salarial e a falta de oportunidades. Em 2017, uma pesquisa realizada pela consultoria McKinsey trouxe dados sobre esta realidade em vários países, comprovando que ainda há muito a se conquistar sobre igualdade de gêneros no ambiente corporativo em escala global. Ao mesmo tempo, o levantamento apontou informações relevantes para o mundo dos negócios, afinal, entre as empresas entrevistadas, 21% daquelas que contavam com equipes com mais diversidade de gênero apresentaram maior lucratividade em relação às demais.

Para a francesa Corinne Ripoche, Ceo da Adecco para a América Latina – empresa líder mundial em Recursos Humanos – a liderança feminina é capaz de proporcionar qualidades diferenciadas no mercado de trabalho, com relações profissionais pautadas na empatia, resiliência e visão autêntica sobre os negócios. “Somos capazes de sentir e de ver o mundo por outros ângulos, trazemos autenticidade”, destacou em entrevista à Forbes.

A especialista ainda aponta que a disparidade salarial entre homens e mulheres interfere na economia global. “Se as mulheres tivessem os mesmos ganhos que os homens, a riqueza global cresceria em US$ 172 trilhões”, comenta.

Fonte: Comunicação Light Source

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