Transformando Ilhas em Arquipélagos no Ambiente de Trabalho

“Um arquipélago é um conjunto de ilhas, o que não quer dizer que algumas ilhas dispersas formem necessariamente um arquipélago” (E. M. de Melo e Castro,1997).

Assim, para existir um arquipélago é necessário que as ilhas tenham a mesma origem e formação geológica. Ainda que tenham a mesma origem cada ilha possui características próprias que as tornam únicas. Além disso, pode-se pontuar que é necessário que estejam próximas umas das outras, assim, se conectando por mares, rios, lagos ou pontes. Pensando assim, uma organização não é tão diferente assim de um arquipélago.

Ela é composta por ilhas (setores) que apesar de possuírem características próprias possuem a mesma base originária, a cultura e valores da organização. Se as ilhas se conectam por pontes, como que os setores de uma empresa se conectam? Pode-se pensar que as pontes entre as ilhas representam os fluxos de informação, colaboração e cooperação. Se essas pontes forem frágeis ou hostis, as ilhas se isolam demais. Se forem fortes e seguras, geram trocas genuínas.

Assim, a capacidade de confiar, cooperar e ser vulnerável se torna essencial para a construção dessas pontes. Além de pensar nas pontes que conectam é importante ter em mente que o papel do líder é de navegador entre as ilhas. Assim, o líder facilita e incentiva as conexões para enriquecer o arquipélago todo.

Além de atuar como navegador, o líder também deve incentivar o valor da diferença entre as ilhas. Faz parte do fortalecimento da união a compreensão de que cada área precisa de certo grau autonomia, assim como o reconhecimento de que a diversidade entre as áreas é potente ao haver fluxos e sinergia entre as equipes. Pensar na diversidade e autonomia não significa ignorar ou se separar do todo, visto que uma ilha isolada demais enfraquece o arquipélago. No lugar disso, deve-se pensar na diferenciação como uma forma de potencializar novas ideias, desde que estejam alinhadas a um objetivo em comum, a cultura e valores organizacionais.

Para criar uma cultura e valores organizacionais unificados são necessárias pontes, embarcações (ferramentas, metodologias) e disposição para compreender o outro território. Assim, cada setor tem importância para objetivos gerais. Algumas vezes transformações culturais podem ser necessárias a fim de unir os diferentes setores. Mudanças estratégicas podem ser vistas como movimentos tectônicos, que reconfiguram o arquipélago: criam novas ilhas (novas áreas), conectam ilhas (fusões de times), ou até submergem outras (reestruturações).

Como dito no início, um arquipélago não se resume a um conjunto de ilhas isoladas, assim como uma empresa não é apenas a soma de seus setores. O que realmente a transforma em uma organização viva e integrada são as pontes que unem essas partes:
os processos de comunicação, as conexões entre pessoas e o alinhamento em torno de um propósito comum. É nesse espaço de interligação que surge a colaboração, a inovação e a verdadeira identidade da empresa.

Com isso em mente, você diria que sua empresa é um conjunto de ilhas ou um arquipélago coeso? Ainda que no momento talvez não exista conexões entre as ilhas de sua empresa é possível transformá-la em um arquipélago por meio de transformações culturais e a preparação dos líderes para que sejam cartógrafos e navegadores da empresa, assim como a formulação de canais de comunicação entre os diferentes setores.

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