Como está sua saúde mental? Confira dicas de Autocuidado e Equilíbrio Emocional no Trabalho

Práticas de gestão de pessoas voltadas ao cuidado humano na sua integralidade, com espaços para diálogos, ações de desenvolvimento voltadas ao autoconhecimento e conscientização são caminhos que organizações podem e devem tomar para prevenir o Burnout, a doença mais falada dos últimos três anos. Neste final de ano, preparamos um especial com perguntas e respostas com a psicóloga Thaís Farsen, consultora da Light Source, sobre como viver seu propósito e sua carreira sem deixar de lado o seu propósito de VIDA!

Qual o papel do trabalho que exercemos nos possíveis desequilíbrios hoje tão relatados?

O bem-estar de forma geral é algo estudado na academia desde muito tempo, porém o interesse pela aplicabilidade desse tema na vida das pessoas dentro e fora dos ambientes de trabalho é algo mais recente. Isso foi intensificado após a pandemia, já que o isolamento social, as novas formas de trabalho e o risco de adoecimento mostraram que estabelecer estratégias para favorecer o bem-estar das pessoas era fundamental para a manutenção da saúde.

O trabalho é uma categoria central para grande parte das pessoas. Logo, o que acontece com o sujeito enquanto ele trabalha pode favorecer seu bem-estar, autoestima e saúde. Ou fazer exatamente o contrário. Condições física ou psicologicamente insalubres podem gerar desequilíbrios e adoecimento. Longas jornadas de trabalho, cobrança excessiva ou falta de suporte e segurança psicológica são alguns dos fatores que favorecem o aparecimento de sintomas relacionados à ansiedade ou a outras comorbidades. Precisamos lembrar que somos seres biopsicossociais e que temos necessidades diversas a serem atendidas, quando colocamos o trabalho no centro, precisamos ter cuidado para não deixar de lado os cuidados com a saúde física, os relacionamentos positivos com as pessoas e o cuidado com a saúde mental e espiritual.

Burnout foi uma das palavras mais citadas nos últimos dois anos. O que é Burnout e como evitar?

Também conhecido como síndrome do esgotamento profissional, o Burnout é uma doença que tem como base a relação do indivíduo com seu trabalho. Jornadas exaustivas de trabalho, altos níveis de estresse e cobrança, muitas vezes refletidas em baixa sensação de reconhecimento e satisfação com o seu trabalho acabam reverberando em outros sintomas como exaustão extrema, esgotamento físico e mental entre outros. 

Diversos fatores interferem para este quadro. Temos os fatores relacionados às características do trabalho desenvolvido, às relações entre o indivíduo e seus líderes, colegas e com a empresa. Em 2022 o Burnout foi considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença relacionada ao trabalho, sendo considerada uma síndrome causada por “estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso”, anteriormente considerava-se a doença como um problema na saúde mental e um quadro psiquiátrico.

O Burnout pode ser evitado por cuidados individuais que podemos ter, como:

  • Manter os cuidados com o corpo e com a mente
  • Sono adequado
  • Exercícios físicos e atividades de lazer
  • Cultivar relacionamentos saudáveis
  • Encarar os objetivos e tarefas profissionais com leveza, buscando não depositar sua satisfação somente no trabalho entre outros

É papel das organizações olhar para isso? Como empresas podem também cuidar do bem-estar de suas equipes?

Empresas têm papel fundamental na proteção e manutenção da saúde mental dos seus colaboradores. Desenvolver as lideranças para que estejam atentos e valorizem o equilíbrio é fundamental. Trabalhar a cultura organizacional inserindo elementos que denotem o cuidado com o bem-estar, saúde e equilíbrio na jornada de trabalho e lazer e que sejam de fato aplicados em comportamentos e práticas de gestão é uma estratégia que consideramos um fator de proteção ao Burnout. Quanto mais rígida e menos voltada ao cuidado humano for a cultura, maior a chance dessa empresa estar valorizando o trabalho em excesso, a competição e a autocobrança, que no longo prazo tendem a ser preditores do surgimento do Burnout. 

Empresas podem também cuidar do bem-estar de suas equipes ao fazer a gestão da sua cultura. Também por meio da promoção de práticas de gestão de pessoas voltadas ao cuidado humano na sua integralidade, com espaços para diálogos, ações de desenvolvimento voltadas ao autoconhecimento e conscientização. Além disso, é importante realizar a gestão adequada dos conflitos, favorecendo relacionamentos interpessoais saudáveis.

Como não cair na armadilha da “carreira com propósito” como justificativa para jornadas intermináveis e um modo de trabalho não saudável?

Eu tenho pra mim uma frase que resume isso: “viver o propósito é importante, mas apenas VIVER é ainda mais”. O trabalho é um fator que nos constitui como humanos, mas jamais deve ser o único. Nosso propósito está atrelado à vida, e não apenas ao trabalho. Logo, o trabalho será um dos meios para viver o propósito, mas se for o único provavelmente haverá algum desequilíbrio. 

O que você tem percebido da realidade das empresas hoje, num mundo pós-pandemia? Existe esforço em olhar para o autocuidado e equilíbrio dos colaboradores ou ainda há muito a percorrer?

Existe. Muitas empresas passaram a olhar para isso, mas há ainda bastante dificuldade para aplicar. Diante de um cenário de incerteza, as próprias organizações ficam “sob pressão”, e acabam fortalecendo essa cultura. Quanto maior o nível de consciência individual e coletivo sobre o que se quer (propósito) e como chegar lá (valores), levando em conta as necessidades humanas, mais fácil será percorrer esse caminho.

Se há muito ainda a caminhar, quais caminhos possíveis para empresas e lideranças no sentido de equilíbrio emocional?

Favorecer a construção de uma cultura com valores alinhados com o cuidado com o ser humano; valorizar modelos de gestão que priorizem o cuidado, a interação e a empatia; desenvolver e sensibilizar a liderança sobre a importância do autocuidado, para serem capazes de cuidar de seus colaboradores; compreender que lucratividade, competitividade e resultados são maiores se bem estar, saúde e felicidade do trabalhador forem tratados com a importância devida – é uma balança, se você não cuidar do segundo, a longo prazo terá prejuízos no primeiro.

Como indivíduos, o que podemos fazer como práticas de autocuidado e bem-estar mental e emocional?

Manter relacionamentos saudáveis com pessoas que te fazem bem; buscar o autoconhecimento; exercitar a espiritualidade; valorizar os pequenos feitos; priorizar atividades que envolvam o cuidado com corpo e mente como atividade física, meditação, contato com a natureza.

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