Transformar, pra que?

Refletindo sobre 2017 e os desafios deste novo ano, deparei-me com a compreensão dada por Anand e Barsoux, no artigo intitulado “O que ninguém acerta na gestão da mudança” (Harvard Business Review, dez/17). Os autores indicam que cerca de três quartos das iniciativas de mudanças fracassam, sendo abandonados ou tendo entregas parciais.

Esforços de racionalização com cortes profundos que podem esvaziar capacidades, a moral e o empreendedorismo de organizações, como o exemplo dado da Norske Skog, outrora o maior produtor de papel imprensa do mundo, que fez um grande esforço de sobrevivência, mas que não encontrou a maneira de se recuperar e manter sua liderança no mercado global. Ou como a Lego, que em 2000 lançou-se à transformação pela inovação livre e chegou a quase falência, vindo a se recuperar mais tarde.

Embora a capacidade de execução tenha sido diagnosticada como a vilã das estratégias mal sucedidas, os mesmos autores sugerem que muitas vezes o fracasso se dá por falhas de diagnóstico, que levam as organizações a investirem em iniciativas errôneas. A solução indicada está em dois fatores: a missão escolhida e a capacidade de liderança. E é sobre a conexão destes dois elementos que podemos iniciar um ciclo de transformações consistentes.

Então, convidamos você a refletir:

–       Quais as motivações para a transformação?

–       Quais os objetivos de transformação?

–       A capacidade de liderança está compatíval com a missão?

–       Como as lideranças estão comunicando e mantendo alinhamento e priorizações?

Em nossas experiências com consultoria, em programas de gestão de mudanças, temos nos deparado com uma condição chave, que contribui fortemente para a forma como as empresas podem conduzir melhor seus processos de transformação: o modelo de gestão. Sem ele não há sinergia entre o que se quer, a forma como a empresa conduz as mudanças e os resultados alcançados.

Temos ouvido de muitas lideranças e organizações sobre a urgência por transformação, na maior parte das vezes associada ao mundo digital. Porém, o que temos visto pouco é o debate consistente e profundo sobre a realidade e a necessidade efetiva para o negócio. A conexão entre um bom diagnóstico, a escolha da missão e a capacidade da liderança está na forma como os integrantes dos chamados “top teams” se comunicam, compartilham expectativas, integram tarefas individuais e coletivas, analisam o mercado e o negócio, estimulam inovações, tomam decisões e como mantém a organização pulsante.

Então, se você compartilha nossa missão de “evoluir para transformar”, comece, transformando seu julgamento em curiosidade; suas hipóteses em perguntas; suas discordâncias em exploração e sua ansiedade em auto-reflexão. A partir destes movimentos individuais e coletivos é possível promover transformações consistentes e duradouras. Vamos juntos?

Léia Wessling

Diretora Light Source